COORDENADOR DA QUÍMICA FORENSE DO LCPT, AUGUSTO SÉRGIO COSTA SOUZA, FALA DA SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL

Na segunda entrevista da coluna “Protagonista da Química” apresentamos um pouco da trajetória profissional do coordenador da Química Forense do Laboratório Central de Polícia Técnica (LCPT), Augusto Sérgio Costa Souza.

Bacharel em Química pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Augusto Sérgio recorda que gostava muito dessa disciplina desde o ensino médio e que, por isso, se destacava nas aulas.

“Assistia a muito filmes e lia bastante sobre esse universo que me encantava desde sempre. Eu confesso que cheguei a pensar em cursar Direito, mas optei pela Química e, hoje, sei que fiz a melhor escolha”, afirma.

Atuando com perícia criminal há mais de 40 anos, dos quais 11 no cargo e coordenador da Química Forense, Augusto Sérgio acredita que a formação dos químicos os torna amplamente capacitados para atuar nessa área.

“A perícia voltada para a criminalística é ampla e multidisciplinar. O que eu observo em relação à equipe que trabalha comigo, é que os químicos têm enorme facilidade em desempenhar o trabalho que desenvolvemos aqui”.

Segundo ele, a facilidade na atuação atribuída a esses profissionais ocorre porque, a atuação com a química forense envolve, por exemplo, o conhecimento de substâncias tóxicas, além da necessidade de elaborar relatórios minuciosos.

Augusto Sérgio também é instrutor na formação dos peritos aprovados nos concursos  para o provimento de vagas no LCPT. Inclusive, ele foi homenageado, em 2024, pelos alunos. Segundo ele, esse reconhecimento, depois de tantos anos de atividade, era o que faltava para o fazer se sentir um profissional completo.

“A sala de aula me trouxe alguns desafios e tive que me preparar muito para preparar os alunos da melhor maneira. Cada aula que eu apresento é como se fosse a primeira, tamanha é a minha dedicação. Até aprendi a contar piadas, apesar da falta de jeito no início, para tornar as aulas mais leves e agradáveis”.

Por qual instituição se graduou e em que ano?

Augusto Sérgio Costa Souza é bacharel em Química pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), desde 1988.

Porque escolheu a Química? Teve a influência de alguém próximo para fazer essa opção?

Eu já gostava de Química desde o ensino médio e me destacava nessa disciplina. Eu ficava fascinado e já entendia, naquela época, que tudo é Química. Assistia filmes e lia muito sobre esse universo que me encantou desde sempre. Eu confesso que cheguei a pensar em cursar Direito, mas optei pela Química e, hoje, sei que fiz a melhor escolha.  

Como aconteceu a escolha pela atuação na Polícia Técnica? Já pensava em trabalhar com investigação criminal?

Quando me formei, no final da década de 1980, já sabia que havia um campo amplo de trabalho e o Polo Industrial de Camaçari estava no auge, mas não era algo que me atraia. Então me restaram menos opções. Eu poderia trabalhar com ensino e a área de perícia, por influência de meu pai, que era delegado da Polícia Civil. Então consegui meu primeiro emprego, enquanto ainda estava na faculdade, em regime CLT, como auxiliar de perícia. Eu auxiliava aos peritos, ia nos locais de crime, manuseava os equipamentos, fazia de tudo e pude aprender muito.

Quais ganhos profissionais e pessoais o trabalho com perícia lhe proporcionou?

Evidentemente, por trabalharmos em uma área que investiga crimes, nós peritos nos deparamos com situações que não são agradáveis. Mas ganhamos muito em experiência de vida. Saber que o seu trabalho vai ajudar a esclarecer um crime é muito gratificante.

Houve algum caso que você atuou como perito que marcou sua carreira?

Mais de um, certamente. O caso da médica Kátia Vargas, acusada de atropelar fatalmente dois irmãos em 2013, é um deles. Independente de toda repercussão dada pela imprensa e a comoção popular, foi um caso trabalhoso e com muitos detalhes para se apurar os detalhes do crime. 

Há quantos atua no DCPT e qual cargo ocupa atualmente?

Prestei concurso para perito em 1994. Somando o período que atuei como auxiliar, no total, já tenho 43 anos de atuação no DPT. Sou coordenador da Química Forense há 11 anos.

Profissionais da Química, pela formação que possuem, têm mais facilidade para atuar nessa área?

A perícia criminalística é ampla e multidisciplinar. O que eu observo em relação à equipe que trabalha comigo, é que os químicos têm enorme facilidade em desempenhar o trabalho que desenvolvemos aqui. A atuação com a química forense, por exemplo, envolve o conhecimento de substâncias, a necessidade de elaborar relatórios, etc. Diante disso, eu acredito que os profissionais químicos estão muito preparados para esse trabalho.

As atuais tecnologias têm facilitado o trabalho dos químicos forenses ou o conhecimento humano ainda é essencial?

Para se descobrir a identidade de alguns materiais nós contamos com equipamentos avançados. O cromatógrafo a gás, por exemplo, é usado para separar e analisar componentes químicos voláteis e semivoláteis em uma amostra. No entanto, eu admito que sou um químico à moda antiga. Por mais que existam essas tecnologias, o profissional químico precisa ter uma excelente base de conhecimento para interpretar os resultados. Muitas vezes é necessário buscar soluções sem ter um equipamento sofisticado à disposição. Não existe tecnologia que substitua o conhecimento raiz.

As novas gerações de químicos têm se interessado em atuar na área forense?

O interesse tem aumentado sim. Eu também percebo como os estudantes da graduação ficam empolgados quando tenho a oportunidade de apresentar o nosso trabalho a eles. Além de uma boa remuneração, é possível conciliar com outra atividade profissional, entre outras vantagens.

Você também é instrutor do curso que forma os peritos aprovados nos concursos que ingressam no DCPT. Inclusive foi homenageado, em 2024, pelos alunos. Como você recebeu esse reconhecimento?

São muitos anos de luta profissional e a área da Química não é fácil para conseguir se firmar. A sala de aula me trouxe alguns desafios e tive que estudar muito para preparar os alunos da melhor maneira. Só para se ter uma ideia, cada aula que eu apresento é como se fosse a primeira, tamanha é a minha dedicação. Até aprendi a contar piadas, apesar da falta de jeito no início, para tornar as aulas mais leves e agradáveis. Eu sinto que esse reconhecimento, depois de tantos anos, era o que faltava para me fazer um profissional completo. É a certeza de que consegui deixar um legado.